A Coordenadoria de Memória Institucional (CMI/Sejud), responsável pelo Memorial MPF, preparou, em parceria com as Comissões de Gênero e Raça nos estados do Amazonas e Tocantins, uma galeria com 11 mulheres brasileiras que fizeram a diferença nas áreas da saúde, da educação e da cultura, apesar do tradicional afastamento das mulheres da educação formal que ocorreu por grande parte da história brasileira. Apenas em meados do séc. XIX que as mulheres começaram a ser aceitas no sistema de educação formal e, mesmo assim, em instituições específicas para esse fim.

As biografias dessas mulheres mostram a importância da defesa dos direitos fundamentais de meninas e mulheres à educação e à cultura.


Anna Nery

Contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem e na diminuição das disparidades de gênero existentes nas profissões da área da saúde. Nasceu na Bahia, em 13 de dezembro de 1814, e foi pioneira no desenvolvimento da enfermagem no Brasil, a partir de sua atuação na Guerra do Paraguai.

Fonte: https://biografiaresumida.com.br/ana-neri/

Ária Ramos

A musicista amazonense foi morta em Manaus aos 18 anos, em 17/02/1915, durante o carnaval. A artista, muito famosa na cidade, foi atingida por uma bala e as circunstâncias do crime nunca foram esclarecidas. Existe a versão de que ela teria sido morta em virtude de uma discussão ocorrida entre seu ex-namorado e seu noivo. A discussão sobre a forma como ela morreu traz o debate sobre o sentimento de posse que muitos homens ainda sentem sobre mulheres, que tem, dentre seus efeitos perversos, as altas taxas de feminicídio e a interrupção da carreira de profissionais brilhantes.

Saiba mais: https://www.jcam.com.br/noticias/aria-ramos-vive-em-exposicao e https://vivamanaus.com/2016/02/16/exposicao-fotografica-mostra-vida-e-morte-de-aria-ramos

Cecília Meireles (1901-1964)

Foi uma poetisa, professora, jornalista e pintora brasileira. Foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Com 18 anos, estreou na literatura com o livro "Espectros". Apesar de ter explorado muitos estilos, Cecília acabou por se consagrar no universo da poesia e da literatura infantil.

Além de escrever textos literários, Cecília foi professora, jornalista e fundou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, em 1934. A escritora brasileira teve uma história de vida triste: o pai morreu um pouco antes do seu nascimento e a mãe faleceu quando a menina tinha apenas 3 anos. Sem pai nem mãe, Cecília foi criada pela avó materna.

A poeta casou-se duas vezes, a primeira delas com um artista plástico português com quem teve três filhas.

“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
-Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."

Saiba mais: https://www.ebiografia.com/cecilia_meireles

Cora Coralina (1889-1985)

Cora Coralina (1889-1985): uma doceira que cursou a escola apenas até a terceira série do curso primário, criou uma poética do cotidiano, da singeleza, das pequenas coisas. Seus versos, tantas vezes delicados e profundos, só foram publicados pela primeira vez quando a autora tinha 75 anos. Pouco tempo antes, aos 70 anos, essa mulher espantosa resolveu aprender datilografia sozinha para organizar os seus poemas e enviar aos editores.

Seu trabalho foi elogiado por Carlos Drummond de Andrade. Cora chegou a receber o título de Doutor Honoris Causa pela UFG e ocupou a cadeira número 3 da Academia Goiânia de Letras.

Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Saiba mais: https://www.ebiografia.com/cora_coralina/

Chiquinha Gonzaga

Nasceu Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935), no Rio de Janeiro do Segundo Reinado. Foi educada como uma sinhazinha e preparada para se tornar uma dama da corte, mas se consagrou como Chiquinha Gonzaga, musicista talentosa que contribuiu para a gênese da música brasileira. Mulher e mestiça, enfrentou todos os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista para se firmar como pianista, compositora, regente e, por fim, líder de classe em defesa dos direitos autorais. Pioneira, Chiquinha Gonzaga abriu alas para todos, deixando seu exemplo de luta pelas liberdades no Brasil.

Saiba mais: https://chiquinhagonzaga.com/wp

Dona Miúda

Guilhermina Ribeiro da Silva começou a trabalhar ainda criança, quando aprendeu artesanato com a mãe, dona Laurina, descendente dos índios Xerente. Ela mudou a situação da comunidade quilombola de Mumbuca, na região do Jalapão, quando começou a ensinar técnicas de artesanato com capim dourado às mulheres de lá. Casou-se com Antônio Beato da Silva, um descendente de escravos que trabalhou como garimpeiro no Piauí, e teve 11 filhos, sendo nove mulheres, todas artesãs.

Tornou-se a matriarca da comunidade e foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento do artesanato em capim dourado, símbolo do estado do Tocantins. Faleceu aos 82 anos em 2010.

Saiba mais: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1811201013.html

Dona Ivone Lara

Carioca e negra, foi primeira mulher a assinar um samba-enredo e a ser membra de ala de compositores de uma escola de samba. Como enfermeira, teve relevância na reforma psiquiátrica no Brasil. Além de seu pioneirismo, Dona Ivone Lara revela como mulheres tardaram em ter mais protagonismo em muitas festas populares brasileiras (a título de exemplo, até poucas décadas atrás, as mulheres do Amazonas eram proibidas de participar dos festivais folclóricos do boi, como o de Parintins).

Saiba mais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dona_Ivone_Larahttps://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/morre-no-rio-cantora-dona-ivone-laura.ghtmlhttp://www.cofen.gov.br/morre-d-ivone-lara-enfermeira-e-icone-do-samba-brasileiro_61989.html https://www.acritica.com/channels/especiais-3b7127e7-0b22-4a69-b4a5-7fecfe9c0f00/news/a-forca-das-guerreiras-amazonicas-elas-estao-na-linha-de-frente;  http://www.ufpb.br/evento/index.php/18redor/18redor/paper/viewFile/2225/845

Maria Deane

Personalidade tratou da importância da ciência no combate a doenças e da pouca participação de mulheres nesta área. Paraense, nascida em 1916, foi cientista de renome internacional e médica. Contribuiu enormemente para o combate a doenças endêmicas como a malária, a leptospirose e a leishmaniose, em especial nas regiões Norte e Nordeste. Como homenagem ao seu trabalho e ao do marido, a Fiocruz denominou seu centro de pesquisas na Amazônia, localizado em Manaus, de Instituto Leônidas e Maria Deane – Fiocruz Amazônia.

Pioneira na área da protozoologia, Maria Deane desbravou o interior do país para investigar importantes problemas de saúde pública (Foto: Arquivo pessoal)

Saiba mais: https://agencia.fiocruz.br/especial-sobre-a-cientista-maria-deane-uma-mulher-a-frente-do-seu-tempo

Dona Raimunda

Filha de agricultores, Raimunda Gomes da Silva nasceu em 1940 e casou-se aos 18 anos. Viveu uma vida difícil ao lado do marido e, 14 anos depois, decidiu abandoná-lo e criar sozinha os seis filhos, trabalhando como lavradora. De traços e personalidade fortes, na sua fala simples em comunidades agrícolas ou palácios, Raimunda abordava temas do cotidiano e sociais sem perder o tom. Nunca estudou, mas era uma líder nata, de visão política apurada.

Em 1991, fundou junto a outras mulheres a Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (Asmubip). Começaram a promover encontros para discutir seus direitos. Em 1992, criaram o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que hoje é atuante nos estados do Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão.

Durante a vida foi indicada ao prêmio Nobel da Paz e recebeu título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Tocantins.

Saiba mais: http://www.onumulheres.org.br/noticias/desenvolvimento-rural-a-historia-de-dona-raimunda-a-quebradeira-de-cocos-e-de-paradigmas/

Tarsila do Amaral (1886-1973)

Foi uma pintora e desenhista brasileira. Nasceu na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior de São Paulo, no dia 1º de setembro de 1886. Era filha de José Estanislau do Amaral Filho e Lydia Dias de Aguiar do Amaral, tradicional e rica família de São Paulo. Passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro: ‘Sagrado Coração de Jesus’, em 1904. Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce.

Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Em 1920, foi estudar em Paris, na Académie Julien, com Émile Renard. O quadro "Abaporu" pintado em 1928 é sua obra mais conhecida. Junto com os escritores Oswald de Andrade e Raul Bopp, lançou o movimento "Antropofágico", que foi o mais radical de todos os movimentos do período Modernista, um divisor de águas na cultura brasileira.

Fonte: http://tarsiladoamaral.com.br/biografia/

Selo especial lançado pelos Correios em homenagem à Madalena

Madalena Caramuru

Baiana e indígena, nascida no século XVI, filha do português Diogo Álvares Correia – mais conhecido como Caramuru – e de uma índia da tribo dos Tupinambás, Moema Paraguaçu. É considerada a primeira mulher alfabetizada do Brasil.

Foi defensora do direito à educação para as mulheres, além de ativista contra os maus-tratos às crianças indígenas.

Saiba mais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Madalena_Caramuru, https://plenarinho.leg.br/index.php/2018/02/brasileiras-que-se-destacaram/, https://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/0W1e/Primeira_Mulher_Alfabetizada_No_Brasil